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RESENHA DO FILME:
Memórias Póstumas de Brás Cubas (1h42)
Por
Luci Rocha
No ano de 2001, o diretor
André Klotzel dirigiu o filme “Memórias Póstumas de Brás de Cubas”, adaptado da
obra homônima do escritor Machado de Assis (1881).
O ator Reginaldo Faria, apresentando-se
como o cínico “defunto-autor” Brás Cubas, relembra de forma divertida e
saborosa a vazia existência desse filho abastado da elite brasileira fluminense,
no início do século XIX.
Seguramente, é um filme
muito bem realizado. Além da fotografia, que se destaca como um valor à parte, a
ótima adaptação do enredo revela uma leitura atenta e responsável feita pelo
diretor.
Mesmo notando a ausência de
algumas personagens ligadas diretamente ao protagonista Brás, como sua irmã
Sabina e seu cunhado Cotrim, o filme não fica comprometido em sua coerência.
É possível apreciar também o
discurso de Brás Cubas que se faz praticamente idêntico à escrita machadiana,
mesmo quando o vocabulário torna-se menos sofisticado e adaptado ao gosto do
público moderno.
O filme preservou algumas
das características mais valiosas dessa obra:
- Ausência de linearidade,
dando a impressão de que a história segue ao sabor das recordações do narrador
em 1ª pessoa;
- Episódios de realidade
fantástica (como no delírio que antecede a morte de Brás Cubas);
- Uma divertida conversa com
o espectador (correspondendo ao leitor incluso na obra de Machado);
- A sensação de que Brás
adquiriu mais sabedoria após a morte e, nessa condição, é capaz de analisar sua
existência de forma leve, cínica e lúcida, revelando o curioso jogo de máscaras
da sociedade burguesa de seu tempo (essência x aparência);
Obviamente, a leitura de
qualquer obra de Machado de Assis será sempre a melhor estratégia para conhecer
aquele que revolucionou a nossa literatura; entretanto, esse filme tão bem
cuidado oferece ótimas imagens da sociedade retratada pelo autor. Vale a pena
assistir!