VIDAS SECAS – Graciliano
Ramos (1h40)
Por Luci Rocha
O
filme Vidas Secas, de 1963, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, foi baseado
no livro homônimo, de Graciliano Ramos.
O
aspecto positivo de assistir ao filme, certamente, será a aquisição de mais
informações sobre a caracterização dos elementos regionalistas dessa obra, como
o cenário constituído de uma caatinga rala, de árvores secas, pássaros (urubus,
aves de arribação), bichos (cabras, preás, cavalos, bezerros) e plantas típicas
da região (mandacarus, xique-xiques, baraúnas, etc.).
Para
quem pretende conhecer melhor o ambiente em que se passa a história dessa
família de retirantes formada por Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino mais velho e
o Menino mais novo, o filme colabora em muito ao mostrar os pertences da
família como o baú de folhas, a espingarda de pederneira, as roupas de
vaqueiro, as alpercatas de couro.
Como
foi filmado há 50 anos, em branco e preto, talvez o espectador sinta alguma
estranheza diante das cenas, porém isso aumenta ainda mais o clima de pobreza e
dificuldade, o que acaba tornando esse filme um ótimo apoio para a compreensão
da obra de Graciliano Ramos.
O
que não pode ser esquecido – e isso é um dos aspectos mais importantes do livro
– é que o filme não apresenta narrador e o dessa obra tem sido bastante explorado
em questões de vestibulares.
Dessa
forma, antes de assistir ao filme, aconselha-se que se leia a obra ou faça um
estudo paralelo das particularidades de seu narrador, cujo ponto de vista é
muito especial: é um narrador em 3ª pessoa onisciente prismático, ou seja, ele
filtra a realidade das personagens como se estivesse por trás da retina de cada
uma delas, individualmente.
Além
do narrador ausente, o filme também não fornece, naturalmente, a linguagem própria
de Graciliano Ramos. Sua estrutura sintática exata, seu vocabulário enxuto e a
investigação psicológica que ele faz dessas personagens só poderão ser alcançados
com a leitura do livro.
Quanto
à organização dos quadros (que são capítulos aparentemente soltos na obra), no
filme também não se faz notar. Porém, uma questão referente a isso já foi
solicitada em vestibulares, quando se perguntava a relação entre essa estrutura
fragmentada da obra e a vida das personagens.
Ou
seja, apenas assistir ao filme, para quem precisa da obra nos vestibulares deste
ano, não será suficiente!
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