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quarta-feira, 10 de julho de 2013

VALE A PENA ASSISTIR? Memórias Póstumas de Brás Cubas

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RESENHA DO FILME: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1h42)

Por Luci Rocha

No ano de 2001, o diretor André Klotzel dirigiu o filme “Memórias Póstumas de Brás de Cubas”, adaptado da obra homônima do escritor Machado de Assis (1881).
O ator Reginaldo Faria, apresentando-se como o cínico “defunto-autor” Brás Cubas, relembra de forma divertida e saborosa a vazia existência desse filho abastado da elite brasileira fluminense, no início do século XIX.
Seguramente, é um filme muito bem realizado. Além da fotografia, que se destaca como um valor à parte, a ótima adaptação do enredo revela uma leitura atenta e responsável feita pelo diretor.
Mesmo notando a ausência de algumas personagens ligadas diretamente ao protagonista Brás, como sua irmã Sabina e seu cunhado Cotrim, o filme não fica comprometido em sua coerência.
É possível apreciar também o discurso de Brás Cubas que se faz praticamente idêntico à escrita machadiana, mesmo quando o vocabulário torna-se menos sofisticado e adaptado ao gosto do público moderno.
O filme preservou algumas das características mais valiosas dessa obra:
- Ausência de linearidade, dando a impressão de que a história segue ao sabor das recordações do narrador em 1ª pessoa;
- Episódios de realidade fantástica (como no delírio que antecede a morte de Brás Cubas);
- Uma divertida conversa com o espectador (correspondendo ao leitor incluso na obra de Machado);
- A sensação de que Brás adquiriu mais sabedoria após a morte e, nessa condição, é capaz de analisar sua existência de forma leve, cínica e lúcida, revelando o curioso jogo de máscaras da sociedade burguesa de seu tempo (essência x aparência);

Obviamente, a leitura de qualquer obra de Machado de Assis será sempre a melhor estratégia para conhecer aquele que revolucionou a nossa literatura; entretanto, esse filme tão bem cuidado oferece ótimas imagens da sociedade retratada pelo autor. Vale a pena assistir!