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terça-feira, 30 de julho de 2013

FILME: Capitães da Areia (1h40)


Por Luci Rocha

A obra Capitães da Areia, do escritor Jorge Amado (1912/2001), foi filmada e dirigida por Cecília Amado (neta do escritor), em 2011, marcando o início das comemorações que homenageariam o centenário do escritor baiano no ano seguinte.

A cineasta apostou em “não-atores” para garantir a atmosfera de uma Bahia legítima, com sotaques originais e mais aproximados da realidade retratada. Esses meninos, recrutados em ONGs de Salvador, estabelecem estreita relação com as personagens da obra, principalmente, pela história de vida de cada um, no entanto diferem-se deles na caracterização física.

Pedro Bala, que é descrito como um pré-adolescente marcado por uma cicatriz no rosto e com cabelos alongados e loiros, aparece na tela com cabelos escuros, mais curtos e sem o sinal que o caracteriza tão bem no enredo de Jorge Amado. Assim como Dora, a única menina entre os Capitães da Areia, que no livro tem cabelos dourados pelo sol, no filme apresenta-se bem diferente.

Se comparado à obra, pode-se considerar que o filme garante o tema essencial: um grupo de meninos abandonados, chamados de Capitães da Areia, vivendo em um trapiche, no cais de Salvador, tenta sobreviver de pequenos roubos e trapaças, perambulando pela cidade, na década de 1930. No entanto, muitos episódios apresentados na obra deixam de aparecer no filme; ou surgem de maneira rápida ou muito resumida.

O que se pode resgatar no filme e que não deve ser desconsiderado também na leitura da obra, principalmente pra quem presta os vestibulares, são os temas paralelos como:
● O confronto entre classes sociais;
● A crítica dirigida às instituições sociais que abandonam os pobres e protegem os ricos (Igreja, Polícia, Orfanatos, Reformatórios, Jornais);
● A apologia à religião africana, identificada como “amiga dos negros e dos pobres”;
● O “rito de passagem” individual do personagem Pedro Bala: de menino de rua a líder comunista.


Quanto à trilha sonora, das dez músicas, oito são de autoria do compositor baiano Carlinhos Brown que, simplesmente, garante um espetáculo à parte com três delas inéditas: “Tema de Dora”, “Capoeira Futuro” e “Espírito Bravo”.