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domingo, 30 de junho de 2013

FILMES REFERENTES ÀS OBRAS SOLICITADAS EM VESTIBULARES: VALE A PENA ASSISTIR?


VIDAS SECAS – Graciliano Ramos (1h40)


Por Luci Rocha

O filme Vidas Secas, de 1963, dirigido por Nelson Pereira dos Santos, foi baseado no livro homônimo, de Graciliano Ramos.
O aspecto positivo de assistir ao filme, certamente, será a aquisição de mais informações sobre a caracterização dos elementos regionalistas dessa obra, como o cenário constituído de uma caatinga rala, de árvores secas, pássaros (urubus, aves de arribação), bichos (cabras, preás, cavalos, bezerros) e plantas típicas da região (mandacarus, xique-xiques, baraúnas, etc.).
Para quem pretende conhecer melhor o ambiente em que se passa a história dessa família de retirantes formada por Fabiano, Sinhá Vitória, o Menino mais velho e o Menino mais novo, o filme colabora em muito ao mostrar os pertences da família como o baú de folhas, a espingarda de pederneira, as roupas de vaqueiro, as alpercatas de couro.
Como foi filmado há 50 anos, em branco e preto, talvez o espectador sinta alguma estranheza diante das cenas, porém isso aumenta ainda mais o clima de pobreza e dificuldade, o que acaba tornando esse filme um ótimo apoio para a compreensão da obra de Graciliano Ramos.
O que não pode ser esquecido – e isso é um dos aspectos mais importantes do livro – é que o filme não apresenta narrador e o dessa obra tem sido bastante explorado em questões de vestibulares.
Dessa forma, antes de assistir ao filme, aconselha-se que se leia a obra ou faça um estudo paralelo das particularidades de seu narrador, cujo ponto de vista é muito especial: é um narrador em 3ª pessoa onisciente prismático, ou seja, ele filtra a realidade das personagens como se estivesse por trás da retina de cada uma delas, individualmente.
Além do narrador ausente, o filme também não fornece, naturalmente, a linguagem própria de Graciliano Ramos. Sua estrutura sintática exata, seu vocabulário enxuto e a investigação psicológica que ele faz dessas personagens só poderão ser alcançados com a leitura do livro.
Quanto à organização dos quadros (que são capítulos aparentemente soltos na obra), no filme também não se faz notar. Porém, uma questão referente a isso já foi solicitada em vestibulares, quando se perguntava a relação entre essa estrutura fragmentada da obra e a vida das personagens.
Ou seja, apenas assistir ao filme, para quem precisa da obra nos vestibulares deste ano, não será suficiente!


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