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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

LISBELA E O PRISIONEIRO (Osman Lins)



(Análise de Luci Rocha)

1) GÊNERO: Teatro – comédia de costumes (1964);
2) CENÁRIO: Cadeia da cidade de vitória de santo antão , PE;
3) LINGUAGEM: Regional e coloquial, marcada pela presença de ditados populares.
4) TEMAS:- Sátira às autoridades corrompidas e nefastas (Ten. Guedes); - Elogio da esperteza (Leléu) e dos bons sentimentos (Citonho, Cabo Heliodoro) contra a tirania (Ten. Guedes), a violência e a estupidez (Vela de Libra, Testa-Seca e Paraíba); - Crítica ao cerceamento à mulher da sociedade patriarcal (Ten. Guedes e Dr. Noêmio); - Elogio da busca de autenticidade e da ousadia na busca de uma vida que valha a pena ser vivida (Leléu e Lisbela).

5) PERSONAGENS

Leléu: Um funâmbulo (equilibrista que anda sobre a corda bamba), ator e violeiro; o prisioneiro do título da obra. Possuiu várias identidades e mulheres diferentes.
Lisbela: Filha do Tenente Guedes e noiva de Dr. Noêmio. Apaixona-se por Leléu.
Tenente Guedes: Delegado da cadeia local, viúvo e cuidadoso coma filha. Afirma com frequência que sua profissão é um fardo.
Dr. Noêmio: Noivo de Lisbela, advogado formado no Rio,  vegetariano e um tanto hipocondríaco.
Citonho: Velho carcereiro de onde Leléu e seus dois companheiros de cela estão presos. Citonho tem a fama de ser caduco, velho e fraco (por mais que não seja nem caduco e nem bobo).
Jaborandi: Soldado e corneteiro de onde Leléu e seus dois  companheiros de cela estão presos. Fascinado por séries de cinema.
Lapiau: Artista de circo e amigo de Leléu.
Frederico Evandro: Assassino Profissional, irmão de Inaura, moça que fora seduzida por Leléu. Frederico possui o apelido de “Vela-de-libras” por acender uma grande vela e rezar o padre nosso às suas vítimas, quando as executa.
Heliodoro:  Cabo de Destacamento.
Juvenal:  Soldado
Testa-Seca e Paraíba:  Companheiros de cela de Leléu.
Tãozinho: Vendedor ambulante de pássaros que roubou a mulher de um senhor apelidado Raimundinho.

INTERTEXTUALIDADE COM O CINEMA (fragmento)

JABORANDI: Ai o rapazinho fez tãe, tãe, tãe...Cada murro! Os bandidos chega viravam.
TESTA-SECA: Isso é mentira.
JABORANDI: Mentira o quê? É verdade.
TESTA-SECA: É mentira.
CITONHO: Eu, por mim, só acreditava se visse.
JABORANDI: E eu não vi?
CITONHO: Você viu no cinematógrafo.
PARAÍBA: E como foi que terminou?
JABORANDI: Hein? Ah, sim! Quando estava nisso, o artista pegou um revólver no chão e meteu o dedo. Mas cadê bala? Aí, um bandido apanhou um garfo, rapaz, desse tamanho!, e partiu pro rapazinho. Ele foi recuando, recuando e trãe, pulou pela janela do décimo andar.
CITONHO: Vai ver que nem morreu nem nada.
JABORANDI: Agora só na próxima semana.
CITONHO: Mas isso é que é ser uma besteira. Esperar uma semana pra ver se esse camarada morreu ou não morreu. Não morre nunca!
JABORANDI: Morre nada. Morrer o quê?
TESTA-SECA: Então é mentira. Cair duma altura esquisita e não morrer!
JABORANDI: Você não sabe o que é isso, não. Aquele pulo é um episódio. Entende? Episódio. Na última    hora acontece uma coisa. Aí é que está o ruim: a gente passar uma semana sofrendo, bolando que coisa é    essa.

RESUMO DO PRIMEIRO ATO

v  Conversa de jaborandi com outros presos e com o carcereiro Citonho;
v  Entrada do tenente Guedes, sempre dizendo que autoridade é um fardo; reclama da fuga de Leléu, depois de se apresentar no noivado da filha;
v  O tenente, para provar sua persistência conta como foi que conseguiu engravidar a mulher: tomou 84 vidros  de elixir de nogueira, por isso a menina se chama Lisbela de nogueira;
v  Os presos Testa-Seca sugere que coloque Leléu na cela junto com ele e Paraíba;
v  Citonho demonstra simpatia por Leléu;
v  Testa-Seca reclama que Leléu deflorou 8 virgens e ele próprio nunca teve uma mulher;
v  Citonho fala difícil e os outros perguntam com frequência o significado dos termos (matrimoniar-se, por exemplo, eles não sabiam o que era);
v  O tenente Guedes sugere capar Leléu;
v  Leléu aparece com o soldado Juvenal e com o cabo Heliodoro;
v  Leléu cumprimenta safadamente os amigos;
v  O tenente pede para ele se ajoelhar e dá-lhe uns tapas;
v  Leléu reclama que o tenente não tem esse direito e explica que fugiu porque era homem, não podia deixar passar uma oportunidade daquelas.
v  Leléu conta a história do boi que topou no meio da rua para salvar um homem;
v  Entra Lisbela para reclamar que “esfregaram nas pedras” um boi que recebera de presente do padrinho;
v  Chega Dr. Noêmio, noivo de Lisbela e a repreende por encontrá-la ali; quer conversar com o pai dela sobre a alimentação da moça, pois ele é vegetariano e acha que ela não se alimenta bem.
v  Noêmio diz a Citonho que ele está envenenado de tanto comer carne;
v  Entra Tãozinho, vendedor de passarinhos,  e conta sua história com Francisquinha , mulher de Raimundinho.
v  Lisbela quer um curió, mas o noivo diz que não gosta de ver animais presos;
v  Leléu fica sozinho com os amigos de cela: Paraíba e Testa-Seca. Estes o ameaçam de castração, mas chega Frederico Evandro para falar com  Leléu;
v  Frederico explica para Citonho o porquê de ser chamado “vela-de-libra”;
v  Leléu Antônio da Anunciação: Frederico fica sabendo o nome completo e oferece-se para fazer um favor a Leléu, matando algum inimigo, em troca de tê-lo salvo do boi;
v  Leléu não aceita, diz que prefere seus inimigos vivos. A morte não pode se morta, por isso ela era a maior inimiga;
v  Frederico pergunta a Leléu se ele já esteve em um  lugar chamado boa vista, mas o malandro diz que não;
v  Frederico Evandro parte;
v  Leléu se sente protegido agora porque o assassino profissional lhe devia um favor e os outros presos ouviram a conversa e temem morrer pelas mãos do “Vela de Libra”...


SEGUNDO ATO

Leléu, com apetrechos de limpeza, conversa na calçada da cadeia com o Cabo Heliodoro, que está armado de rifle.
HELIODOR: Você não sabe que eu não sou sargento? Por que não chama Cabo Heliodoro?
LELÉU: É porque o senhor tem toda a pinta de sargento.
HELIODORO: Conversa!
LELÉU: O senhor sabe o que eu queria ter, sargento? A força dos touros. O aprumo de uma cavalo puro-sangue. Ser bom e doce para as mulherinhas, como as chuvas de caju que caem de repente, no calor mais duro de novembro. E livre, Sargento, Heliodoro. Como o vento num pasto grande.

v  Leléu e o cabo Heliodoro conversam sobre inveja e liberdade; Leléu fica sabendo que o cabo tem um caso extraconjugal;
v  Heliodoro reclama da esposa por ser muito repetitiva, por isso está enjoado e quer se casar com outra;
v  Leléu promete arranjar um frade para casar Heliodoro em troco de este trazer Lisbela para vê-lo, depois da meia noite.
v  Leléu, entra de volta na cela. Escutando a conversa de jaborandi, sugere que ele toque a corneta no cinema, sem precisar correr para a delegacia;
v  Chega Lapiau, amigo de circo de Leléu, trazendo um violão, que é logo revistado por  Citonho;
v  Leléu explica a lapiau o motivo de sua prisão: defloramento de uma menina de 15 anos;
v  Leléu e lapiau lembram as peças de teatro que fizeram juntos;
v  Enquanto Tãozinho dos passarinhos faz uma briga do lado de fora; Leléu aproveita para convencer lapiau a se fingir de frade e conseguir três contos de réis e poder fugir com os dois companheiros;
v  Tãozinho entra na delegacia explicando que a Francisquinha tem umas economias, mas que o ex-marido agora quer metade. Leléu explica que não há  lei pra corno, que Tãozinho poderia ficar com dinheiro.
v  Leléu recebe um curió de presente de Tãozinho;
v  Lisbela chega para avisar Leléu que Inaura esteve na casa dela. A moça vinha avisar que o irmão estava chegando para matá-lo. Talvez ele pudesse se livrar se fosse transferido para recife.
v  Leléu declara-se. Quer ficar em vitória de santo antão, perto de Lisbela (bandeira brasileira);
v  Leléu conta a história do zepelim a Lisbela;
v  Os presos temem que a chegada do irmão de Inaura possa prejudicá-los. Morrerão todos!
v  Leléu conta com a ajuda do vela de libra;
v  Tenente Guedes, sabendo que Leléu pode ser morto, pretende deixá-lo sozinho numa cela e com pouca proteção;
v  Heliodoro descobre, por meio das descrições feitas por Lisbela, que o irmão de Inaura é o mesmo Frederico Evandro. Leléu desespera-se!


TERCEIRO ATO
“Citonho e Heliodoro, do lado de fora, bebendo e comendo, conversam, sentados no chão. São mais ou menos 9h30 da noite. A lâmpada dos presos está apagada. Lapiau, que espreitava através das grades, aproxima-se do carcereiro e de Heliodoro.”

v  Lapiau conversa com Citonho e despede-se;
v  Citonho e Heliodoro falam sobre o fato de Leléu ter conseguido uma corda, com o Tenente Guedes, a pedido de Lisbela;
v  Heliodoro revela a Citonho que Lisbela visitou Leléu durante à noite três vezes;
v  Tenente Guedes e pede a Citonho que saia da delegacia para ir dar uma abraço em Lisbela, pois é a festa de casamento dela;
v  Pede a Heliodoro que feche uma das saídas da cadeia;
v  Tenente Guedes descobre que os presos fugiram e entra em pânico, pois fornecera a corda  a pedido de Lisbela;
v  Heliodoro sai para chamar os praças e tenente Guedes fica sozinho;
v  Entra Dr. Noêmio reclamando que Lisbela  havia desaparecido depois do casamento;
v  Chega Lisbela vestida de homem. Quer saber se Leléu fugira.
v  Lisbela revela que está apaixonada por Leléu, que fugiria com ele para qualquer lugar, de corpo e alma;
v  Heliodoro consegue trazer Testa-Seca e paraíba de volta, mas Leléu não.
v  Jaborandi toca a corneta no cinema e vai preso;
v  Enquanto a confusão continua entre os presos, libela , seu pai e Dr. Noêmio, chega de livre e espontânea vontade Leléu;
v  Leléu explica por que não fugiu com Lisbela, não queria fazer uma grosseria, mas voltou para ficar perto dela;
v  Lisbela pede insistentemente para que o pai a libere. Ela quer ir embora com Leléu. Pega uma arma sobre a mesa e sai correndo.
v  Chega Frederico Evandro furioso e encontra todos reunidos na delegacia;
v  Citonho é obrigado a prender todos em  uma cela;
v  Quando Frederico conta até cinco para atirar em Citonho, que protegia Leléu, ouve-se um tiro, mas é o  Vela de Libra de cai. Aparece Lisbela... com um revólver na mão!
v  Dr. Noêmio vai pedir a anulação do casamento.
v  Testa-Seca apodera-se do revólver de jaborandi e tenta atingir Tãozinho e o Tenente, mas nenhum é alvejado. As balas eram de festim.
v  Atira em Paraíba como teste, mas o mata. Havia apenas uma bala de verdade, como esclarece jaborandi.
v  Revelação: Lisbela não matou Vela de Libra, o valente morreu de susto. Ela está livre do crime e da vingança.
v  Final feliz: delegado fica com os ovos que Tãozinho ia dar a Leléu e reparte com Citonho.




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